População de Tabatinga cobra o fim de buracos e alagamentos na cidade

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No Brasil convencionou-se a dizer que o ano começa depois do Carnaval. Uma expressão que se tornou um ditado popular. Na verdade, isso é um grande mito. O período de férias das crianças, as festas de fim de ano, recessos, o verão e outros fatores fazem com que janeiro e fevereiro se transformem em um mês ocioso. Mas a vida e os problemas seguem como é o caso dessa reportagem que produzimos na cidade de Tabatinga(AM), com todas as suas dificuldades antes, durante e depois das festas momescas.

A cidade está localizada na tríplice fronteira de Brasil, Peru e Colômbia, e está distante 1.100 km de Manaus. Lá os buracos tomaram conta das ruas da  cidade e tem afetado o cotidiano e causado prejuízos para motoristas e pedestres. A situação precária do pavimento é alvo de reclamações da população em todas as áreas da cidade. Nossa reportagem percorreu alguns bairros da cidade e constatou a existência de obras mal feitas em inúmeros bairros. É grande a quantidade de vias que necessitam de serviços urgentes, inclusive em ruas e avenidas concretadas recentemente.

O morador Jocione Peixoto, 37 anos, da rua T26, diz que sua rua, por falta de abertura das valas, alaga com qualquer chuva e criticou os reparos paliativos que são feitos no já combalido asfalto, que não têm solucionado definitivamente o problema. “Consertam um buraco e aparece outro logo em seguida. A situação das ruas continua péssima. Tanto buraco no precário asfalto como nos bueiros abertos e nas calçadas que inexistem, e isso é um risco para quem anda por aqui”, reclamou o morador.

Os buracos na rua Tiradentes, no bairro Tancredo Neves, também tem causado transtornos aos moradores e pessoas que circulam no bairro. No cruzamento das ruas, há buracos ao longo das vias. As infiltrações, a verdadeira causa dos problemas estruturais, estão ocasionando trincas, rachaduras, fissuras, descolamento de revestimento e, por consequência, o descobrimento da armadura e o comprometimento estrutural das vias públicas.

Abandono em Umariaçu

Cerca de 9 mil ticunas moram no bairro de Umariaçu, onde as terras à beira do rio Solimões são demarcadas. Os índios, que vivem da agricultura de subsistência no local, viram aumentar a violência entre os jovens nos últimos anos.

Apesar de estar próximo do centro de Tabatinga, Umariaçu é uma região isolada por conta do acesso pela estrada construída precariamente e que estão com a estrutura de ferro avariada em diversos trechos.

A Polícia Militar diz não ter recursos para manter patrulhamento no bairro. Também alega que, por serem terras demarcadas, o trabalho deveria ser feito pela Polícia Federal, que por sua vez diz não ter entre suas atribuições o policiamento ostensivo.

O Ministério Público Federal entrou com ação contra o Estado do Amazonas e a União em 2015, instando-os a resolver a questão. Uma liminar, que não tem sido cumprida, determinou a presença da PM na região.

Nossa reportagem também constatou o mesmo problema de infraestrutura nas ruas de Umariaçu.  Lá os moradores convivem com mau cheiro de águas de esgoto jorrando nas ruas e buracos em diversos pontos. A pavimentação em concreto das ruas Santos Dumont, que interliga os bairros Comunicações, Vila Paraíso e Vila Verde e 28 de Agosto – logradouro que interliga o bairro Comara às comunidades Uaraicu I e Umariaçú II – estão em situação deploráveis com sua estrutura de ferro expostas a olho nu.

O mototaxista Leandro Ipuxima, 33 anos, disse que os prejuízos causados pelos buracos são constantes com peças das motocicletas de vários colegas danificadas. “Está cada vez mais difícil e complicado trafegar aqui porque está cheia de buracos não só em Umariaçu mas em toda Tabatinga”, disse. Na semana passada, um colega mototaxista caiu em um buraco na rua Duarte Coelho, no bairro das Comunicações, quebrou toda suspensão e a barra de direção. Além disso, tem a questão do risco de colisões porque os motoristas tentam desviar dos buracos e acabam entrando na contramão”, afirmou.

A moradora Alcione dos Santos, 42 anos, que reside na rua 1º de Fevereiro afirmou a nossa reportagem que quando chove seus filhos não vão a escola por se impossível sair de casa pois, segundo ela, “a rua toda fica alagada e fica impossível meus filhos saírem de casa justamente porque não existem bueiros, esgotamento sanitário e valas de contenção das águas. Falta zelo com o dinheiro público, disse”.

Protesto

Os moradores dos bairros alagados estão em tratativas para organizar um protesto contra a prefeitura local e reagem contra os desmandos por parte do gestor. “Estamos indignados com a falta de saneamento básico, com essa briga entre quem conseguiu a obra tal e quem pagou. Tanto o governo do estado quanto a prefeitura são pessoas colocadas por nós no poder e eles (os gestores) são os responsáveis pelos  sérios transtornos para nossa comunidade”, disseram.

A implantação de uma rede de esgoto é a principal reivindicação de nossa comunidade, que espera há anos a solução do problema. “A situação se agrava quando chove, porque as ruas alagam e inundam as casas. Isso aqui é um descaso total, quando chove as ruas ficam cheia de fezes, já que não há rede de esgoto”, reclama uma moradora que não quis de identificar afirmando que o prefeito Saul Bemerguy  “é perseguidor”.

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