Paulo Pimenta: “Chegou a hora da gente virar a página da intolerância, do preconceito”

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O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, foi o entrevistado da semana no programa “Bom Dia, Ministro”. O bate-papo com radialistas de todo o país ocorreu nesta quarta-feira, 13 de dezembro.

Comunicar para um país complexo e diverso como o Brasil não é uma coisa que a gente faz de forma empírica ou aleatória. Existem técnicas. A gente faz pesquisas de hábitos de mídia para identificar cada grupo e como ele se comunica”

Na ocasião, o ministro falou sobre o ComunicaBR, plataforma online recém-lançada pelo Governo Federal que permite ao cidadão brasileiro acompanhar dados sobre as entregas dos principais programas federais em cada município e estado. “É uma ferramenta de transparência, de fiscalização e de informação, porque ninguém melhor do que o cidadão, do que a cidadã, para fiscalizar e ver as coisas que estão acontecendo”, destacou Pimenta. Ao acessar a plataforma, é possível visualizar o total de investimentos feitos nas regiões e exportar as informações em relatórios detalhados ou cartões para compartilhamento nas redes sociais.

Paulo Pimenta também comentou sobre outra novidade: a campanha “O Brasil é um só povo”. Lançada no último domingo (10), a campanha tem como objetivo mobilizar os brasileiros para a consolidação da união e reconstrução do país – e reforçar a mensagem de combate ao negacionismo e à intolerância, incluindo também a reconciliação de famílias. “A gente acha que chegou a hora da gente virar essa página. A página da intolerância, a página do preconceito”, resumiu Pimenta.

O ministro explicou, ainda, sobre o método adotado nas decisões que envolvem a comunicação do Governo Federal. Segundo Pimenta, a comunicação institucional deve obedecer certas regras e ser abrangente e inclusiva, considerando as mais diversas formas das pessoas se informarem no país.

“No Brasil, 50% da população mora em cidades do interior e o rádio é o principal meio de comunicação, especialmente nesse horário das 6h às 8h30. Comunicar para um país complexo e diverso como o Brasil não é uma coisa que a gente faz de forma empírica ou aleatória. Existem técnicas. A gente faz pesquisas de hábitos de mídia para identificar cada grupo e como ele se comunica”, destacou Pimenta, ressaltando que as campanhas da Secom são elaboradas levando em conta as características da população de cada uma das 27 unidades da Federação.

Participaram do programa: Rádio Banda B (Paraná), Nova Brasil FM (São Paulo), Rádio BandNews (Rio Grande do Sul), Rádio Cultura (Pará), Rádio Itatiaia (Belo Horizonte) e Rádio Metrópole (Bahia).

Confira os principais trechos do “Bom Dia, Ministro” com Paulo Pimenta:

O BRASIL É UM SÓ POVO – A gente acha que chegou a hora da gente virar essa página. A página da intolerância, a página do preconceito. E, portanto, a nossa mensagem de final de ano é uma mensagem que caminha muito nessa direção: da união do povo brasileiro, do reencontro do povo brasileiro. Nós somos um só país, um só povo. E fizemos essa campanha, que é uma campanha muito bonita e, além das peças institucionais, nós vamos também ter uma série de peças complementares contando histórias de brasileiros e brasileiras que tiveram a sua vida transformada por conta de políticas públicas do governo. São histórias que caminham nesse sentido, no sentido da reconciliação, do reencontro. Essa é a mensagem que o presidente Lula nos pediu para trazer para o povo brasileiro neste final de ano.

COMUNICABR – O ComunicaBR já está no ar, você vai ver que é um site muito simples e que ele tem muitos recursos. Você pode, por exemplo, no próprio celular, quer passar adiante uma informação, você clica sobre ela e ela gera um card na hora. E você já pode mandar ele num grupo de WhatsApp da família para, até mesmo, desmentir alguma fake news. Você pode também produzir relatórios da cidade ou do estado sobre tudo que foi feito. Nós vamos atualizar ele todos os meses. É uma prestação de contas permanente, a gente está muito entusiasmado e acho que a imprensa vai gostar muito, facilita muito o trabalho da imprensa. As pessoas vão poder olhar, em tempo real, tudo aquilo que a gente já fez e todos os projetos do Governo Federal que já foram aprovados para o seu município.

ORGULHO BRASILEIRO – No final de semana, agora, saiu uma pesquisa Datafolha sobre o orgulho de ser brasileiro. Aumentou para 83%. A satisfação de morar no Brasil foi a 79%. Isso mostra que as pessoas estão confiando que a vida vai melhorar. As pessoas têm esperança que a vida vai melhorar. Acho que esse é o grande sentimento, a grande mensagem que a gente deve passar. E o presidente Lula sempre fala isso.

RESPEITO E TOLERÂNCIA – Ontem, por exemplo, nós tivemos um ato no Palácio do Planalto. Estavam lá governadores de diferentes estados e prefeitos. A grande maioria de partidos políticos e figuras públicas que não apoiaram o presidente Lula. E ele fez questão de enfatizar isso na fala dele. A gente tem que voltar a respeitar e entender que a democracia faz com que o povo fale e o governador eleito é eleito, não importa o partido que ele pertence. E o presidente da República tem que respeitá-lo, assim como tem que respeitar o prefeito. Porque, depois de eleito, ele é eleito de todos, e não só daqueles que votaram nele. Quando as pessoas me perguntam qual é a principal mudança e principal reforma que o Brasil precisa, eu digo que a principal já aconteceu: essa mudança de comportamento. A gente voltar a conviver de uma forma respeitosa, no ambiente federativo.

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA – Hoje o tema da transição energética, da transição ecológica, é o grande tema da agenda internacional. E o Brasil tem sido o grande protagonista desse debate. O Brasil, que agora assume a Presidência do G20, vai ter a oportunidade de sediar a COP 30, em Belém, no Pará. Não existe hoje nenhuma mesa de debate sobre esses temas em que o Brasil não seja uma peça chave. Por tudo aquilo que nós representamos, pela capacidade que nós temos de ser uma grande referência mundial na biodiversidade, por conta da Amazônia, por conta das reservas de água que nós temos. Pela capacidade de produção de energia limpa, de energia eólica e de energia solar. Não tem debate em que o Brasil, hoje, não esteja à frente nesta questão.

URGÊNCIA CLIMÁTICA – Isso não existe em nenhum lugar do mundo. Mil e setecentas cidades em situação de emergência, parte delas por estiagem e parte delas por excesso de chuva. Isso exige um trabalho extraordinário das equipes da Defesa Civil e do Ministério da Integração. Esse cenário se agrava muito porque nós ficamos 7 anos sem ter um centavo no Orçamento da União para proteção de encostas e prevenção de enchentes. Hoje em dia, eu acho que, se alguém tinha dúvida, você vai falar com um produtor rural, um agricultor, e ele sabe, na prática, o que significou a estiagem e sabe o que significou nós estarmos praticamente no final de dezembro e que grandes áreas do Rio Grande do Sul não puderam ser plantadas porque elas estão debaixo d’água. Então, acho que, aos poucos, a população foi incorporando esse tema no seu cotidiano. Esse não é mais um tema da academia, é um tema da vida das pessoas.

PREVENÇÃO DE DESASTRES – No governo da presidenta Dilma, foi criado um programa específico e uma série de projetos foram contratados. Ali no Rio Grande do Sul, nós temos, por exemplo, a Bacia do Rio Gravataí, nós temos a Bacia do Rio Caí. Por incrível que pareça, esses estudos todos foram abandonados. Foram contratados há dez anos mas, há sete anos, todos eles foram paralisados. Essas rubricas do Orçamento deixaram de existir e, evidentemente que sem a conclusão dos projetos, as obras nunca foram realizadas. Nós sabemos que a tendência é que essa realidade se agrave ainda mais, inclusive existe a perspectiva do El Niño para 2024, 2025. Então, de fato, nós incluímos no PAC um recurso bastante substancial para a conclusão destes projetos. Porque, a partir desses projetos, nós vamos saber que investimentos são necessários.

COMBATE ÀS FAKES NEWS – Eu tive a oportunidade de participar de uma atividade, junto com o presidente Lula, em Berlim, e um dos temas desse encontro foi o tema das fake news, o tema do discurso de ódio, o tema da intolerância. A Alemanha é um país que viveu um período muito difícil no pós-segunda guerra e desenvolveu todo um projeto de desnazificação. Estão muito preocupados com o discurso de ódio, principalmente por causa do tema da imigração. A maneira como se proliferam, pelo país, grupos que se organizam nas redes sociais e se utilizam desse espaço para promover toda essa série de coisas que a gente também assistiu aqui no Brasil. Negacionismo sobre a vacina, a tentativa de desmoralização do sistema eleitoral brasileiro, a campanha de ódio que levou para uma onda de violência nas escolas. O desafio hoje é sobre como a gente deve pensar um ponto de equilíbrio que respeite o princípio da liberdade de expressão, mas que, ao mesmo tempo, crie algum ambiente de regulação nas redes e nas plataformas. É um desafio mundial.

COMUNICAÇÃO DO GOVERNO – A gente faz pesquisas de hábitos de mídia para identificar cada grupo e como ele se comunica. A SECOM, por exemplo, criou uma metodologia nova para suas campanhas em que cada campanha tem 27 formatos. O que nós fizemos com 27 formatos é que cada campanha tem locutor local. A campanha de vacinação é com imagens lá do estado, com a cultura local, com a realidade local, trabalhando com influenciadores locais. E crescemos muito a nossa presença nas redes sociais. Agora, o governo faz comunicação institucional. O governo não faz disputa. Então, muitas vezes, as pessoas imaginam que é estranho não usar foto do presidente da República no material de divulgação da SECOM. Evidentemente que não. Não pode.

AGENDA INTERNACIONAL – O presidente Lula precisou fazer viagens internacionais, porque o Brasil tinha sido praticamente banido dos fóruns internacionais, dos ambientes internacionais. O Brasil voltou a ser convidado para participar do G7, do G20 e da Celac. O presidente Lula assumiu a presidência do Mercosul. E é impressionante o resultado que nós obtivemos do ponto de vista da abertura de novos mercados, de novas oportunidades. Na área da agricultura, são quase sessenta novos mercados para produtos brasileiro, tanto na parte de proteína animal, quanto na parte da agricultura. E, de fato, essa agenda internacional é muito importante e nós não tínhamos como não cumpri-la.

GIRO PELO BRASIL – O presidente Lula já anunciou que, em 2024, nós vamos priorizar as agendas nacionais. E vamos fazer uma grande agenda em Minas Gerais, já no início do ano. Estamos fazendo essas tratativas. Chegamos a prever o ato de lançamento do Novo PAC em Minas Gerais, mas, naquela oportunidade, foi exatamente o período em que o presidente fez a cirurgia e, infelizmente, a cirurgia, que era uma necessidade, ela tirou o presidente do ar por 45 dias. Sem poder viajar. Mas ele já está ‘inteiraço’, está pronto, e vamos fazer um giro muito forte por todo o Brasil. Vamos fazer viagens ainda este ano. Presidente deve ir ao Espírito Santo na sexta-feira, vai para São Paulo. Vai para o Amapá. Vamos fazer uma agenda completa em Minas Gerais e vamos ter uma presença muito forte. O governo esteve muito presente em Minas Gerais, mas o presidente Lula também faz questão e, já no início do ano, uma das primeiras agendas que vamos fazer vai ser na nossa querida Minas Gerais.

SABATINA DE FLÁVIO DINO – O ministro Flávio Dino é um brasileiro brilhante. Uma capacidade teórica, um conhecimento jurídico, uma trajetória que, sem dúvida alguma, levará ao Supremo Tribunal Federal um olhar e uma experiência extraordinária. Esse clima que a gente está vivendo no país acaba se refletindo no plenário do Senado, na forma que essas sabatinas são feitas. Mas eu não tenho nenhuma dúvida de que o ministro Flávio Dino vai se sair muito bem hoje. Nós temos também a sabatina para procurador-geral da República, Paulo Gonet, e a nossa expectativa é a melhor possível.

PAUTAS NO LEGISLATIVO – Temos a votação do Orçamento, votação da LDO. Primeiro a LDO, depois o Orçamento. Tem uma Medida Provisória que trata da forma de cálculo da cobrança de impostos de determinados setores, que têm um impacto enorme na arrecadação do ano que vem, uma matéria prioritária da equipe do ministro Haddad. Nós temos a votação da regulamentação das apostas online no Brasil, que foi votada ontem no Senado, que modificou o texto da Câmara e, por conta disso, precisa voltar para a Câmara. Todas essas votações precisam ocorrer nesta semana e na semana que vem. É uma pauta muito intensa e muito pesada para a Câmara e para o Senado até a semana que vem. Expectativa muito positiva que a gente possa concluir o ano com chave de ouro. E ainda queremos votar a reforma tributária neste ano.

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