Como o ‘choque de juros’ pode afetar sua vida financeira? – Ana Alves

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O Comitê de Política Monetária se reunirá na próxima quarta-feira e é esperado que eleve a taxa de juros para 13,25% ao ano. Com a inflação em alta, a previsão é de que ocorram novos aumentos ao longo deste ano.

Importante entender os motivos deste aumento de juros na economia e como isso pode afetar o seu dia a dia financeiro. Pois vamos lá.

Devido à complexidade dos chamados “agentes econômicos” que, na verdade, somos todos nós consumidores, pessoas físicas e jurídicas, que movimentam a economia e trazem reações e relações de causa e efeito. No entanto, por não ser uma ciência exata, a Economia tem suas nuances e movimentos pautados, muitas vezes, no próprio comportamento de cada um.

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Em outras palavras, por exemplo, no momento atual do Brasil, temos uma economia aquecida, com baixo nível de desemprego e com PIB acima da meta e, com isso, forte demanda por produtos.

Isso, faz com que ocorra um aumento de preços devido à baixa oferta de produtos. E, com isso, inicia-se uma pressão inflacionária com perda de poder aquisitivo e consequente risco de recessão.

Por este motivo, ainda que a economia se apresente aparentemente em bom momento, pode trazer riscos preocupantes. Além, é claro, das pressões externas como aumento do dólar, entre outras. Enfim, o Banco Central do Brasil, com base na sua política monetária, tem se utilizado do aumento da taxa de juros da economia (Taxa Selic) para reduzir o consumo e diminuir a pressão da inflação, pelo menos assim se espera.

Ocorre que nós, economistas do mercado, antecipamos um aumento significativo na taxa básica da economia nos próximos meses, com o objetivo de conter a alta inflacionária, um fenômeno que é denominado “choque de juros” no contexto financeiro.

Atualmente, a taxa Selic está em 12,25% ao ano, após uma sequência de quatro elevações. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking de juros reais.

Projetamos que a taxa suba para 13,25% ao ano já na próxima quarta-feira (29), quando o Comitê de Política Monetária (Copom), composto pela diretoria e pelo presidente da instituição, se reunirá. Imagina-se que possa chegar a 15% ao ano até junho deste ano.

Por que Banco Central aumenta juros?

A taxa básica de juros da economia é o principal recurso utilizado pelo Banco Central para tentar controlar as pressões inflacionárias, que impactam, especialmente, a população de baixa renda.

Para estabelecer os juros, a instituição se baseia em um sistema de metas. Se as projeções estiverem alinhadas com essas metas, o BC pode reduzir os juros. Por outro lado, se estiverem acima do esperado, tende a manter ou aumentar a Selic.

A partir de 2025, com a implementação do sistema de metas contínuas, o objetivo será de 3%, considerado alcançado se a inflação variar entre 1,5% e 4,5%.

Ao definir a taxa de juros, o Banco Central foca no futuro, ou seja, nas projeções de inflação, em vez de considerar as variações atuais dos preços, que refletem os últimos meses. Isso acontece porque as alterações na taxa Selic levam de seis a 18 meses para exercer seu efeito completo na economia.

Neste momento, por exemplo, a instituição já está ajustando suas metas com foco no primeiro semestre de 2026. Para os anos de 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial é de 5,08% (ultrapassando a meta), 4,10%, 3,90% e 3,58%, respectivamente. Assim, essas taxas estão acima da meta central de 3% estabelecida pelo Banco Central.

E na sua vida, o que muda? Ocorre que o crédito fica mais caro, os financiamentos também, os preços no mercado aumentam e você de fato passa a conseguir comprar menos coisas com o mesmo dinheiro.

No entanto, fica aqui o questionamento sobre a eficácia desta Política Monetária do Banco Central, pois, se assim ocorrer, a taxa de juros do Brasil estará novamente muito acima do previsto e do viável para nós pequenos consumidores. Será necessário mesmo? Ou outras formas de reduzir inflação devem ocorrer, como, por exemplo, a redução significativa dos gastos públicos? Isso ninguém de fato leva a sério.

Pensem nisso e até a próxima!

Ana Alves
@anima.consult
[email protected]
Economista, Consultora, Professora e Palestrante

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