ADVERTÊNCIA INICIAL
Este é um texto moralista e conservador, não recomendado para aqueles que acham que fizeram proezas sexuais e amorais mais interessantes que as de Val, Feliciano e Gedeon mas, paciência, eles eram assim, satisfeitos com seus desempenhos.
Não! Não nos esqueçamos da princesinha Val. Por Val, carinhosamente é conhecida a Valdinete. Miuda, com 1,5m e 47kg, loirinha, magra falsa de tão cheinha, nariz e bundinha arrebitados, com 36 anos, ora bem, ora mal vividos, chamava a atenção por ter uma assimetria facial revelada por um olho verde-Caribe e o outro azul-Maragogi. Tudo bem! O exotismo causado por esta heterocromia não subtraiu, para os pensamentos libidinosos de Gedeon, “aquele jeitinho meigo que é só dela”. E ainda, falando para si, viajou na fantasia:
– É uma coisinha que, quando vi pela primeira vez, fui traído pela minha expressão facial. Meu beiço arriou! Deu vontade de botá-la no colo. Ao vê-la toda semana naquele coletivo, até minha respiração se alterava. Os vírus da carência tomaram conta de mim. Minha imunidade contra aquela tentação despencou! Era tão mulher! Era tão menina! Tinha 37 anos, mas a carinha era de 25. A Carninha? Tenra, de mucurinha da mata do Pará. Só quem já comeu dá valor. E os braços e dedos? Longos! Desproporcionalmente lindos, teriam de ser de uma mulher de 1,75m, mas nela assentaram bem, mesmo com as mãos quase alcançando os joelhos.
Eu, que tanto me diverti com certas taras que o dramaturgo Nelson Rodrigues revelou para o Brasil e o mundo, se o visse agora, baixaria os olhos, só para ele não se divertir com a minha cara de cachorra no cio, atazanada por vira-latas na porta da igreja depois da celebração e ruborizada, se possível, por causa de olhares dissimulados. Minha mulher? Coitada! Com ela fiquei sexualmente burocrático e protocolar, mesmo sendo linda e boa de cama. Pode isso? O cavalheiro sexual que eu era, que nunca terminava antes, agora fazia um enorme sacrifício para não chegar primeiro.
Eu e Val? Tornamo-nos, sem querer e querendo, dois fios desemcapados dentro de um barril de pólvora que iriam, mais cedo ou mais cedo ainda, causar um curto-circuito. As trepidações, o chacoalhar da estrada, eu na poltrona 14 e ela na 15, juntinhos, toda semana, davam sinais do que estava por vir. Terra! Terra à vista! Ops! Não! Não! Cama! Cama à vista! Gritaria um marinheiro da nau de Pedro Álvares Cabral se focasse sua lente rumo ao nosso continente de desejos. Coitos! Coitos e mais coitos aguçaram nossa imaginação! Fornicação total! Era essa a expectativa!
Mas, por favor! Nada! Nada de pensamentos repressivos, ingeridos por ambos, para coibir, até mesmo castrar, jogar areia em duas libidos que, como dois vulcões bem próximos… um, em vias de erupção e o outro também, visto ser a carne mais fraca que a força de uma vã moralidade que tão cedo não iria nos encabrestar. Sexo proibido e fruta madura no quintal do vizinho, sempre riscaram fósforos na fogueira das tentações. Comer sem fome e transar sem fins procriativos são coisas dos homens e de outros poucos animais, mas isso é pauta para congresso de sexologia, ou não mais?
Então!? Que se danem todos aqueles que questionam em seus pensamentos ou comentários, as decisões de Valdinete, Gedeon e Feliciano. A primeira sentia falta; o segundo, passou a necessitar mais do que o que tinha em casa e, o terceiro, aprendeu a dividir… até porque o pouco lhe era muito e muito… muito pouco para a maravilhosamente fogosa Valdinete. Feliciano, no auge da juventude, fora um atleta sexual de destaque e se sentia recompensado por isso. Será? Mentira! Em matéria de sexo, até os brochas se esforçam para tê-lo mais e mais. Mas para que a exclusividade egoísta em um Feliciano se mal dava conta de uma parte do todo que tinha disponível? A velhice lhe roubou o tesão, mas lhe deu sabedoria. Tudo bem: esse é um consolo filho da puta. Mas existe alternativa à altura para substituir o tesão que se foi? Feliciano, quando negociou com Gedeon, o fez por falta de alternativa. Que respondam as sexólogas, de preferência as que querem revolucionar o mundo, utilizando a cama como palco das mudanças. Como se sabe, mais vale um sorriso ao amanhecer, que uma bunda malcriada virada para você.
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Sou um Baby Boomer, portanto um véi esquisito para as gerações X, Y, Z e um monstrengo para a geração Alfa.
*Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.
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